Startup, negócios e parcerias

O projeto UFSCkite possui aspectos inovadores, passíveis de patentes internacionais, tanto em relação ao protótipo de aerogerador quanto da estação de medição de vento. Em função dos resultados dos ensaios de campo a serem realizados durante o ano de 2020 com os protótipos desenvolvidos, e também com a planta-piloto a ser construída no Sapiens Parque a partir de 2020, pretende-se criar uma empresa (startup), em 2023, para escalonar os protótipos para potências maiores, etapa já previamente estudada, e transformá-los em produtos de mercado. Contatos com empresas interessadas em investir nessa startup estão sendo realizados. Importantes universidades europeias e americanas que desenvolvem essa tecnologia já deram origem a startups de sucesso, que recebem milhões de dólares para desenvolver um produto de mercado com essa nova tecnologia. Essas mesmas empresas e universidades apontam para um horizonte de poucos anos até que os primeiros produtos cheguem ao mercado. Seguem alguns exemplos de notícias sobre investimentos realizado em startups no segmento de AWE:

Até o presente momento, o Projeto UFSCkite recebeu investimentos do CNPq para equipamentos e construção dos protótipos e os alunos do projeto são mantidos com bolsas da CAPES e CNPq. A empresa Sol Paragliders é parceira desde o início do projeto, doando e customizando os aerofólios flexíveis (parapentes) utilizados nos protótipos. A empresa Brametal vai doar a construção e instalação da estrutura mecânica de solo responsável pelo pouso e decolagem automatizados do aerofólio na planta-piloto a ser construída no Sapiens Parque em Florianópolis/SC. A empresa Novarumsky nos permite utilizar sem custo a tecnologia de geolocalização do drone utilizada na estação de medição de vento em desenvolvimento.

Estudos preliminares de viabilidade econômica desses novos aerogeradores já foram realizados por empresas e universidades. Num estudo realizado pela equipe do UFSCkite (veja lista de publicações), considerou-se duas localidades, Florianópolis/SC e Fortaleza/CE. A primeira é reconhecidamente uma localidade sem viabilidade econômica para a tecnologia convencional de energia eólica, baseada em torres, devido a ventos insuficientemente fortes e constantes em baixa altitude (até 200m). Já a segunda localidade está inserida em uma região que, pelo motivo contrário, concentra um grande numero de parques eólicos do país.

Três tipos de parques eólicos foram considerados no estudo. Um parque que utiliza apenas aerogeradores convencionais (WT), um que utiliza apenas aerogeradores com aerofólios cabeados na configuração pumpink kite (PK) e um parque híbrido que abriga os dois tipos de aerogeradores.

(A) Parque eólico convencional com 21 aerogeradores de 2MW.

(B) Parque híbrido com 21 aerogeradores convencionais de 2MW e 13 aerogeradores PK de 2MW.

(C) Parque eólico com 21 aerogeradores PK de 2MW

O estudo foi realizado com dados disponíveis no mercado brasileiro em 2013 e dados de vento, na faixa de 0-600m, em Florianópolis e Fortaleza obtidos da National Oceanic and Atmospheric Administration (USA).

O resultado do estudo mostra que ventos de 7.5 m/s disponíveis em Fortaleza a 100m de altura são encontrados em Florianópolis a 400m de altura. A taxa interna de retorno dos 3 parques em Fortaleza são  (A) 8.72, (B) 16.12, (C) 30.64 sendo que o valor de referência (benchmark) é 12.38. No estudo não foi considerado a venda de créditos de carbono. A maior taxa interna de retorno no parque eólico (C) é fruto de um menor investimento inicial e maior produção de energia devido aos ventos mais fortes e frequentes em altitudes elevada. O custo nivelado da energia produzida nos parques, em Euro/MWh, foram (A) 75.19, (B) 58.51, (C) 38.35, sendo que o preço da energia no leilão foi de 65.48. Se os mesmos parques estivessem em Florianópolis os valores da taxa de retorno seriam (A) -9.21, (B) 3.26, (C) 19.54. Observe que o parque eólico (C), com os novos aerogeradores, ainda apresenta viabilidade econômica em Florianópolis com uma taxa de retorno consideravelmente maior que a de referência. Mas como esperado, a tecnologia convencional com aerogeradores baseados em torres não apresenta viabilidade econômica nessa localidade devido aos ventos insuficientes em baixa altitude. Apesar das simplificações e aproximações consideradas no estudo, os resultados são compatíveis com resultados mais recentes divulgados por empresas com protótipos bastante avançados.